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WikiLeaks: novo vazamento "Grasshopper" revela ferramentas de malware da CIA para Windows

6 min read Cibersegurança Atualizado 19 Oct 2025
Vazamento Grasshopper: malware da CIA para Windows
Vazamento Grasshopper: malware da CIA para Windows

Logotipo do WikiLeaks e imagem de arquivo relacionada ao vazamento

O que o vazamento afirma

O WikiLeaks publicou um novo conjunto de 27 documentos atribuídos à CIA como parte da série Vault7. Segundo esses arquivos, a agência teria desenvolvido um framework baseado em linha de comando chamado Grasshopper. O objetivo declarado do Grasshopper é facilitar a construção de “payloads” de malware personalizados para comprometer computadores Microsoft Windows e, segundo a documentação vazada, contornar produtos antivírus.

A documentação descreve o funcionamento do Grasshopper como um gerador de instaladores: o operador escolhe componentes conforme o sistema operacional e o antivírus alvo; o framework empacota esses componentes em um instalador Windows e entrega um binário executável que, quando executado no sistema alvo, instala o payload escolhido.

Citação traduzida da documentação: “Um executável Grasshopper contém um ou mais instaladores. Um instalador é uma pilha de um ou mais componentes de instalador. Grasshopper invoca cada componente da pilha em série para operar sobre um payload. O propósito final de um instalador é persistir um payload.”

Principais elementos técnicos descritos

  • Framework CLI (linha de comando) para montar instaladores maliciosos.
  • Módulos de instalador empilháveis que são executados em série.
  • Mecanismos de persistência configuráveis.
  • Suporte a extensões, incluindo criptografia de componentes.
  • Reuso e modificação de código de malwares criminais (ex.: Carberp) via mecanismo chamado Stolen Goods.

Stolen Goods e o reaproveitamento de malware

Os arquivos vazados mencionam um mecanismo chamado Stolen Goods. Segundo a documentação, a CIA teria adaptado técnicas e partes de código criados por cibercriminosos para uso operacional interno. O documento cita explicitamente o Carberp, um trojan bancário associado a autores russos, como uma fonte que foi modificada e integrada ao pipeline do Grasshopper.

A nota do vazamento diz: “O método de persistência e partes do instalador foram tomadas e modificadas para atender às nossas necessidades. A grande maioria do código original do Carberp que foi usada foi fortemente modificada. Poucas partes do código original existem sem alteração.”

Alcance temporal e batches anteriores

O WikiLeaks indica que as ferramentas da pasta Grasshopper foram utilizadas no período entre 2012 e 2015. Esse release é mais um lote dentro do Vault7. Lotes anteriores incluíam:

  • Year Zero — exploits de hardware e software populares;
  • Dark Matter — exploits para iPhone e Mac;
  • Marble — código-fonte de um framework anti-forense usado para ofuscação.

Riscos, impacto e o que isso significa para empresas e usuários

Importante: os documentos descrevem capacidades técnicas; não provam automaticamente o uso concreto em operações específicas para além das alegações temporais do WikiLeaks. Ainda assim, as implicações práticas incluem:

  • A existência de técnicas de persistência que podem frustrar remoção simples por antivírus.
  • Reuso de código de malware criminal, o que complica atribuição e análise forense.
  • Ferramentas com foco em automação reduzem a barreira técnica para ataques dirigidos.

Para empresas, o risco real é a possibilidade de vetores e assinaturas desconhecidas sendo usados contra endpoints Windows. Para pesquisadores e times de segurança, o vazamento abre a oportunidade de revisar artefatos, procurar indicadores de compromisso (IoCs) e adaptar assinaturas.

Quando esse tipo de técnica falha

  • Sistemas com hardening recente e políticas de execução restrita (ex.: AppLocker, políticas de aplicação de código assinado) podem bloquear instaladores não autorizados.
  • EDRs (Endpoint Detection and Response) com telemetria de comportamento e integridade podem detectar padrões de persistência mesmo se assinaturas falharem.
  • Sistemas atualizados e patches de kernel/serviço reduzem a superfície de exploração aproveitada por payloads que dependem de vulnerabilidades conhecidas.

Mitigação e segurança prática

  • Aplicar políticas de privilégio mínimo.
  • Habilitar controle de execução (application control).
  • Usar EDR com análise comportamental e resposta automatizada.
  • Monitorar criação de serviços, tarefas agendadas, chaves de registro de inicialização e drivers assinados incomuns.
  • Rever artefatos do sistema após detecção de comportamento anômalo e preservar memória para análise forense.

Checklist por função

TI / Operações:

  • Inventariar endpoints Windows e sua proteção atual.
  • Aplicar atualizações críticas e bloquear execução de binários não assinados.
  • Habilitar e testar backups isolados.

SOC / Resposta a Incidentes:

  • Procurar IoCs públicos relacionados ao leak.
  • Implementar detecções para persistência e execução em série de instaladores.
  • Preparar playbook de isolamento e coleta forense.

Legal / Compliance:

  • Avaliar implicações regulatórias locais (p.ex. notificação de violação).
  • Consultar assessoria sobre retenção de evidências e interações com autoridades.

Mini-playbook de incidente (passos imediatos)

  1. Isolar sistemas suspeitos da rede.
  2. Coletar imagens de memória e disco (evitar desligamento).
  3. Executar análise inicial com EDR e varredura offline por ferramentas forenses.
  4. Identificar vetores de entrada e mitigar (aplicar patches, revogar credenciais).
  5. Restaurar a partir de backups limpos e monitorar por re-infestação.
  6. Comunicar partes interessadas e documentar evidências para auditoria.

Glossário rápido (uma linha cada)

  • Payload: código malicioso entregue a um sistema alvo.
  • Persistência: técnicas para garantir que o malware sobreviva a reinicializações.
  • EDR: solução de detecção e resposta em endpoints.
  • Carberp: trojan bancário criminoso mencionado nos documentos.
  • Stolen Goods: nome dado na documentação ao conjunto de componentes reaproveitados.

Contrapontos e limitações do vazamento

  • A documentação descreve capacidades técnicas, não instrui por si só sobre uso efetivo em alvos reais.
  • Atribuição e alcance operacional podem permanecer incertos sem evidência externa.
  • Ferramentas descritas podem já estar obsoletas ou mitigadas por atualizações de segurança posteriores ao período alegado.

Notas legais e privacidade (aplicável a organizações na UE)

Se dados pessoais estiverem envolvidos em uma intrusão, as obrigações de notificação (por exemplo, sob o RGPD) podem ser acionadas. Organizações devem consultar seus responsáveis por proteção de dados e avaliar risco de violação de dados pessoais.

Boas práticas para pesquisadores e analistas

  • Compartilhe assinaturas e indicadores em fóruns de confiança e feeds de inteligência.
  • Evite reutilizar amostras potencialmente perigosas em ambientes conectados.
  • Use laboratórios isolados (air-gapped) para análise dinâmica.

Resumo final

O vazamento Grasshopper detalha um framework de geração de instaladores maliciosos atribuído à CIA que enfatiza persistência e reutilização de código de malware criminoso. Organizações devem usar a divulgação como um alerta: revisar controles de endpoint, fortalecer políticas de execução, e preparar playbooks de resposta. A documentação é um ponto de partida para defesa e análise forense, mas não equivale, por si só, a prova de uso operacional em casos específicos.

Importante: mantenha evidências coletadas seguros e envolva equipes legais quando houver suspeita de intrusão que envolva dados pessoais.

Критерии приёмки

  • Equipes de segurança têm detecções para persistência documentada.
  • Backups testados e procedimentos de restauração validados.
  • Playbooks de resposta revisados e praticados.
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