Corneal Key Logger: extrair PINs de smartphones de selfies

O que é o ataque Corneal Key Logger
Corneal Key Logger é um nome dado a um método que recupera informações exibidas em uma tela a partir do reflexo captado na córnea (a parte frontal do olho) numa foto. Em 2015, o pesquisador Jan Krissler (conhecido como Starbug) e sua equipa demonstraram que, com imagens de altíssima resolução, é possível identificar a sequência de toques no teclado numérico de um smartphone — isto é, o PIN.
Definição rápida: córnea — a superfície curva e reflexiva na frente do olho que pode espelhar objetos próximos.
O que foi demonstrado por Starbug
- Extração de reflexos de telas de smartphones registrados no branco do olho (esclera) e na córnea.
- Uso de processamento de imagens em alta resolução para mapear posições dos toques na interface numérica.
- Impressão de íris obtida por fotografia e reprodução em lentes ou impressões para enganar sistemas biométricos.
Starbug afirmou que técnicas simples de fotografia e moldagem podem falsificar impressões digitais e burlar sensores com detecção de vivacidade. Ele também demonstrou um bypass para detecção de piscar e o uso de máscara em papier‑mâché para derrotar reconhecimento facial 3D. Segundo sua apresentação, esta família de ataques mostra que “tudo é falsificável” nos sistemas biométricos atuais.
Como o método funciona (visão técnica resumida)
- Captura: obter uma foto do rosto com resolução muito alta. Distância, lente e iluminação importam.
- Isolamento: localizar a região ocular e segmentar a córnea e a esclera.
- Realce do reflexo: aplicar filtros e técnicas de super‑resolução para aumentar detalhes do reflexo.
- Projeto geométrico: converter o reflexo curvo em uma projeção plana que corresponde à interface do smartphone.
- Reconstrução: identificar padrões de brilho e posição que correspondem ao layout numérico e inferir a sequência de toques.
Termos breves: detecção de vivacidade — mecanismos que tentam confirmar se o dedo/rosto/olho pertence a um ser humano vivo (por exemplo, piscadas, calor, textura).
Limitações e quando o ataque falha
- Resolução insuficiente: fotos de baixa resolução normalmente não fornecem detalhes suficientes.
- Ângulo e distância: reflexos pequenos ou ângulos desfavoráveis reduzem a informação recuperável.
- Obstrução: óculos anti‑reflexo, maquiagem, pálpebras, iluminação ambiente forte ou movimentos borram o reflexo.
- Interface dinâmica: teclados aleatórios ou PIN por padrão gráfico (pattern unlock) com aleatoriedade reduzem eficácia.
- Proteções de software: mascaramento do teclado no nível do sistema e limitação de tentativas diminuem o impacto.
Riscos práticos
- Privacidade: selfies públicas e fotos de imprensa podem conter dados exploráveis.
- Segurança: ataques físicos simples (impressões, fotos) podem auxiliar em fraudes contra dispositivos biométricos.
- Reputação: figuras públicas estão em maior risco por exposição frequente a câmeras.
Mitigações e endurecimento de segurança
Recomendações técnicas e práticas para reduzir o risco:
- Evitar publicar ou armazenar fotos de alta resolução em locais públicos.
- Adotar teclados numéricos com layout dinâmico ou aleatorizado em apps sensíveis.
- Usar autenticação multifator (MFA) que combine algo que você sabe (senha) com algo que você tem (token).
- Para fabricantes: integrar detecção ativa de vivacidade com múltiplos sinais (infravermelho, microvibrações, análise térmica).
- Privacy by design: limitar exposição de imagens dentro de aplicações que processam fotografia.
Nota importante: nenhuma mitigação é perfeita; combine várias camadas de defesa.
Checklist por função
Desenvolvedores de apps:
- Evitar mostrar PINs ou informações sensíveis em capturas de tela.
- Implementar teclados aleatórios para operações críticas.
- Logging seguro e políticas de retenção de imagens.
Engenheiros de segurança:
- Testar sensores biométricos contra ataques por imagem e impressões reproduzíveis.
- Avaliar a eficácia da detecção de vivacidade com testes de penetração.
- Definir políticas de bloqueio e notificações para tentativas anômalas.
Profissionais de privacidade / compliance:
- Classificar selfies e fotos de rosto como dados pessoais sensíveis.
- Atualizar bases legais e avisos de consentimento para uso e distribuição de imagens.
- Reavaliar riscos de publicação de fotos de eventos e imprensa.
Usuários finais:
- Evitar selfies em eventos sensíveis.
- Não postar fotos de alta resolução com o rosto visível em redes públicas.
- Habilitar MFA sempre que possível.
Testes e critérios de aceitação
Casos de teste para validar mitigações:
- Tentar reconstruir PIN a partir de uma foto de resolução conhecida; aceitar se falha em ≥95% dos casos.
- Validar teclados aleatórios: assegure que nem layouts nem posições repetitivas permitam inferência.
- Avaliar detecção de vivacidade: confirmar resistência a fotos de alta resolução, máscaras e impressões.
Critérios de aceitação: sistemas biométricos devem resistir a reprodução de amostras físicas simples e revelação por fotografia em condições controladas de laboratório.
Matriz de risco e mitigação (qualitativa)
- Alto impacto / Alta probabilidade: exposição pública de figuras públicas — mitigação: evitar fotos, uso de MFA.
- Médio impacto / Média probabilidade: usuários comuns com fotos em redes sociais — mitigação: educação e configurações de privacidade.
- Baixo impacto / Baixa probabilidade: fotos borradas ou de baixa resolução — mitigação: baixa prioridade.
Privacidade e conformidade (GDPR e similares)
Fotos que contenham rostos são geralmente dados pessoais. Tratar imagens de rosto exige base legal (consentimento, interesse legítimo limitado) e medidas técnicas adequadas. Recomendações:
- Minimize armazenamento de imagens.
- Forneça controles de acesso e logging.
- Atualize avisos de privacidade para cobrir riscos de extração de informação via reflexos.
Alternativas e decisões de projeto
- Em vez de confiar apenas em biometria, implemente MFA com tokens temporários.
- Para desbloqueio local, considerar PINs de alta entropia e limites por tentativa.
- Para autenticação remota, prefira protocolos que não exponham interfaces sensíveis em capturas de tela.
Glossário de uma linha
- PIN: código numérico pessoal usado para autenticação.
- Córnea: superfície frontal do olho que pode refletir imagens próximas.
- Detecção de vivacidade: técnicas que verificam se a amostra biométrica vem de um humano vivo.
Resumo final
A técnica demonstrada por Starbug evidencia que reflexos em olhos capturados por fotos de alta resolução podem revelar informações sensíveis, como PINs. Apesar de exigir condições específicas, o método expõe fraquezas reais na combinação de biometria, fotografia e exposição pública. A defesa mais eficaz combina mudanças de produto (teclados dinâmicos, MFA), melhorias de sensores e práticas de privacidade por design.
Principais ações imediatas: avaliar exposição de imagens em sistemas, implementar MFA, e testar sensores biométricos contra ataques por imagem.
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